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Campinas, São Paulo, Brazil
Psicólogo Clínico Junguiano com formação pela Unicamp, terapia corporal Reichiana, Hipnoterapeuta com formação em Hipnose Ericksoniana com Stephen Gilligan.E outras formações com Ericksonianos: Ernest Rossi, Teresa Robles, Betty Alice Erickson. Formação em Constelação Familiar Sistémica pelo Instituto de Filosofia Prática da Alemanha. Uma rica e inovadora terapia divulgada em toda Europa. Professor de Hipnoterapia, além de ministrar cursos de Auto-conhecimento como Eneagrama da Personalidade e Workshop de Constelação Familiar Sistémica em todo o Brasil. Clínica em Campinas-SP. Rua Pilar do Sul, 173 Chácara da Barra. Campinas-SP F.(19) 997153536

Uma relação de ajuda

Como é bela, intensa e libertadora é a experiência de se aprender a ajudar o outro. É impossível descrever-se a necessidade imensa que têm as pessoas de serem realmente ouvidas, levadas a sério, compreendidas.
A psicologia de nossos dias nos tem, cada vez mais, chamado a atenção para esse aspecto. Bem no cerne de toda psicoterapia permanece esse tipo de relacionamento em que alguém pode falar tudo a seu próprio respeito, como uma criança fala tudo "a sua mãe.
Ninguém pode se desenvolver livremente nesse mundo, sem encontrar uma vida plena, pelo menos...
Aquele que se quiser perceber com clareza deve se abrir a um confidente, escolhido livremente e merecedor de tal confiança.
Ouça todas a conversas desse mundo, tanto entre nações quanto entre casais. São, na maior parte, diálogos entre surdos.
Paul Tournier.

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Psicopatia

O termo “psicopata” caiu na boca do povo, embora na maioria das vezes seja usado de forma equivocada. Na verdade, poucos transtornos são tão incompreendidos quanto a personalidade psicopática. 

Descrita pela primeira vez em 1941 pelo psiquiatra americano Hervey M. Cleckley, do Medical College da Geórgia, a psicopatia consiste num conjunto de comportamentos e traços de personalidade específicos. Encantadoras à primeira vista, essas pessoas geralmente causam boa impressão e são tidas como “normais” pelos que as conhecem superficialmente. 

No entanto, costumam ser egocêntricas, desonestas e indignas de confiança. Com freqüência adotam comportamentos irresponsáveis sem razão aparente, exceto pelo fato de se divertirem com o sofrimento alheio. Os psicopatas não sentem culpa. Nos relacionamentos amorosos são insensíveis e detestam compromisso. Sempre têm desculpas para seus descuidos, em geral culpando outras pessoas. Raramente aprendem com seus erros ou conseguem frear impulsos.

Não é de surpreender, portanto, que haja um grande número de psicopatas nas prisões. Estudos indicam que cerca de 25% dos prisioneiros americanos se enquadram nos critérios diagnósticos para psicopatia. No entanto, as pesquisas sugerem também que uma quantidade considerável dessas pessoas  está livre. Alguns pesquisadores acreditam que muitos sejam bem-sucedidos profissionalmente e ocupem posições de destaque na política, nos negócios ou nas artes. 

Especialistas garantem que a maioria dos psicopatas é homem, mas os motivos para esta desproporção entre os sexos são desconhecidos. A freqüência na população é aparentemente a mesma no Ocidente e no Oriente, inclusive em culturas menos expostas às mídias modernas. Em um estudo de 1976 a antropóloga americana Jane M. Murphy, na época na Universidade Harvard, analisou um grupo indígena, conhecido como inuíte, que vive no norte do Canadá, próximo ao estreito de Bering. 

Falantes do yupik, eles usam o termo kunlangeta para descrever “um homem que mente de forma contumaz, trapaceia e rouba coisas e (...) se aproveita sexualmente de muitas mulheres; alguém que não se presta a reprimendas e é sempre trazido aos anciãos para ser punido”. Quando Murphy perguntou a um inuit o que o grupo normalmente faria com um kunlangeta, ele respondeu: “Alguém o empurraria para a morte quando ninguém estivesse olhando”. 

O instrumento mais usado entre os especialistas para diagnosticar a psicopatia é o teste Psychopathy checklist-revised (PCL-R), desenvolvido pelo psicólogo canadense Robert D. Hare, da Universidade da Colúmbia Britânica. O método inclui uma entrevista padronizada com os pacientes e o levantamento do seu histórico pessoal, inclusive dos antecedentes criminais. O PCL-R revela três grandes grupos de características que geralmente aparecem sobrepostas, mas podem ser analisadas separadamente: deficiências de caráter (como sentimento de superioridade e megalomania), ausência de culpa ou empatia e comportamentos impulsivos ou criminosos (incluindo promiscuidade sexual e prática de furtos).

Três mitos
Apesar das pesquisas realizadas nas últimas décadas, três grandes equívocos sobre o conceito de psicopatia persistem entre os leigos. O primeiro é a crença de que todos os psicopatas são violentos.
Estudos coordenados por diversos pesquisadores, entre eles o psicólogo americano Randall T. Salekin, da Universidade do Alabama, indicam que, de fato, é comum que essas pessoas recorram à violência física e sexual. Além disso, alguns serial killers já acompanhados manifestavam muitos traços psicopáticos, como a capacidade de encantar o interlocutor desprevenido e a total ausência de culpa e empatia. No entanto, a maioria dos psicopatas não é violenta e grande parte das pessoas violentas não é psicopata. 

Dias depois do incidente da Universidade Virginia Tech, em 16 de abril de 2007, em que o estudante Seung-Hui Cho cometeu vários assassinatos e depois se suicidou, muitos jornalistas descreveram o assassino como “psicopata”. O rapaz, porém, exibia poucos traços de psicopatia. Quem o conheceu descreveu o jovem como extremamente tímido e retraído.

Infelizmente, a quarta edição do Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM-IV-TR) reforça ainda mais a confusão entre psicopatia e violência. Nele o transtorno de personalidade anti-social (TPAS), caracterizado por longo histórico de comportamento criminoso e muitas vezes agressivo, é considerado sinônimo de psicopatia. Porém, comprovadamente há poucas coincidências entre as duas condições. 

O segundo mito diz que todos os psicopatas sofrem de psicose. Ao contrário dos casos de pessoas com transtornos psicóticos, em que é freqüente a perda de contato com a realidade, os psicopatas são quase sempre muito racionais. Eles sabem muito bem que suas ações imprudentes ou ilegais são condenáveis pela sociedade, mas desconsideram tal fato com uma indiferença assustadora. Além disso, os psicóticos raramente são psicopatas. 

O terceiro equívoco em relação ao conceito de psicopatia está na suposição de que é um problema sem tratamento. No seriado Família Soprano, dra. Melfi, a psiquiatra que acompanha o mafioso Tony Soprano, encerra o tratamento psicoterápico porque um colega a convence de que o paciente era um psicopata clássico e, portanto, intratável. Diversos comportamentos de Tony, entretanto, como a lealdade à família e o apego emocional a um grupo de patos que ocuparam a sua piscina, tornam a decisão da terapeuta injustificável. 

Embora os psicopatas raramente se sintam motivados para buscar tratamento, uma pesquisa feita pela psicóloga Jennifer Skeem, da Universidade da Califórnia em Irvine, sugere que essas pessoas podem se beneficiar da psicoterapia como qualquer outra. Mesmo que seja muito difícil mudar comportamentos psicopatas, a terapia pode ajudar a pessoa a respeitar regras sociais e prevenir atos criminosos.

domingo, 4 de outubro de 2015

Por que tenho medo de lhe dizer sou sou?

Por que tenho (ou não) medo de lhe dizer quem sou?
Quaisquer que sejam meus segredos, lembre-se, quando eu os confio a você, eles são parte de mim.  Mas se eu lhe disser quem sou,  você pode não gostar de quem sou,  e isso é tudo o que tenho.
A maioria de nós sente que os outros não vão tolerar tamanha honestidade emocional na comunicação. Preferimos defender nossa desonestidade alegando que isso poderia ferir as pessoas, e, tendo racionalizado nossa falsidade através da nobreza, iniciamos relacionamentos superficiais.
A maioria das pessoas, tende a compensar ... As que estão repletas de dúvidas tendem a ser dogmáticas que nunca estão erradas.
Uma pessoa em crescimento renova-se a si mesma ... tão nova quanto um novo dia ...
A pessoa inteira é aquela que estabelece um contato significativo e profundo com o mundo à sua volta. Ela não só escuta a si mesma, como também às vozes do seu mundo. À extensão de sua própria experiência é infinitamente multiplicada pela empatia que sente em relação aos outros. Ela sofre com os infelizes e se alegra com os bem-aventurados. Ela nasce a cada primavera e sente o impacto dos mistérios da vida: o nascimento, o crescimento, o amor, o sofrimento, a morte. Seu coração bate com os enamorados, e ela conhece a alegria que está com eles. Ela conhece também o desespero, a solidão dos que sofrem sem alívio; e os sinos, quando tocam, ressoam de maneira singular para ela.
No momento é isso o que venho buscando.
A minha inteireza, a inteireza do meu ser.
Catando entre os escombros os cacos do caos novamente.
É uma lei da vida humana, tão certa como a da gravidade:
para vivermos plenamente, precisamos aprender
a usar as coisas e amar as pessoas ...
não amar as coisas e usar as pessoas.
Custa tanto...
“Custa tanto ser uma pessoa plena, que muito poucos são aqueles que têm a coragem de pagar o preço...
É preciso abandonar por completo a busca da segurança e correr o risco de viver com os dois braços. É preciso abraçar o mundo como um amante.
É preciso aceitar a dor como condição de existência.
É preciso cortejar a dúvida e a escuridão como preço do conhecimento.
É preciso ter vontade obstinada no conflito, mas também uma capacidade de aceitação total de cada conseqüência do viver e do morrer."
Morris L. West em "As sandálias do pescador"
Fonte: Por Que Tenho Medo De Lhe Dizer Quem Sou? (John Powell)

domingo, 13 de setembro de 2015

Fobia Social

Sintomas:
Tratamento de Fobia Social em Campinas.
Não há sintomas típicos de fobia social; como qualquer transtorno de ansiedade os sintomas são aqueles típicos de qualquer manifestação de ansiedade. O que caracteriza a fobia social particularmente é o desencadeamento dos sintomas sempre que a pessoa é submetida à observação externa enquanto executa uma atividade. Observa-se dentre os fóbicos tremores, sudorese, sensação de bolo na garganta, dificuldade para falar, mal estar abdominal, diarréia, tonteiras, falta de ar, vontade de sair do local onde se encontra o quanto antes. A preocupação por antecipação com as situações onde estará sob apreciação alheia, desperta a ansiedade antecipatória, fazendo com que o paciente fique vários dias antes de uma apresentação sofrendo ao imaginar-se na situação.
Escrever ou assinar em público
Falar em público
Dirigir, estacionar um carro enquanto é observado
Cantar ou tocar um instrumento musical
Comer ou beber
Ser fotografado ou filmado
Usar mictórios públicos (mais para homens)
Os pacientes com fobia social geralmente não conseguem dizer não a um vendedor insistente, compram um produto de que não precisam, só para se verem livres daquele vendedor, mas também nunca mais voltam àquele lugar. Os namoros muitas vezes são aceitos por conveniência e não por desejo verdadeiro. Os fóbicos sociais freqüentemente têm uma auto-estima baixa e julgam que devem aceitar a primeira pessoa que surge porque acham que não despertarão os interesses em mais ninguém. 
Tratamento de Fobia Social em Campinas.

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Doença como oportunidade

Os sintomas sempre podem ser considerados sob um duplo aspecto.

Em primeiro lugar, eles se comportam honestamente e nos mostram aquilo que até então não quisemos perceber. Uma paralisia pode, por exemplo, dar a entender ao afetado o quanto ele é (se tornou) aleijado e imóvel no âmbito anímico-espiritual.

Em segundo lugar, cada sintoma tem um sentido e revela uma tarefa. A paralisia poderia talvez deixar entrever que vale a pena afrouxar os controles conscientes e entregar-se ao descanso. O axioma "a doença torna a pessoa honesta" mostra o plano do padrão ainda não resgatado, enquanto através de “a doença mostra a tarefa" torna-se claro aquele padrão que já o foi.

De acordo com o primeiro ponto de vista, manifesta-se um padrão de sofrimento e uma evolução da doença que não estão presentes na consciência. A aceitação desse padrão e sua mensagem podem levar ao segundo plano e transformar a experiência dolorosa em um ritual que torne possível o crescimento.

Alguém desinteressado, observando de fora, não pode jamais afirmar em que plano e em que fase os afetados já estão. Uma exuberância corporal aparente é freqüentemente a compensação para uma falta de realização interna, segundo o moto: “assim dentro como fora". Mas “assim dentro como fora" ela poderia também refletir a realização interna. Ainda que este último caso seja mais raro, nem por isso deixa de ser possível. 

Quando pensamos no Buda, inclinamo-nos a supor que a abundância externa, as almofadas de gordura sobre as quais ele repousa, são expressão de sua realização interna. E veja bem, o Budismo parte do princípio de que todo ser humano traz em si a natureza do Buda. Isso como nova advertência para que um maravilhoso mecanismo de autoconhecimento não degenere em meio de distribuição de culpas através da valoração, da emissão de juízos de valor.
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Fonte. A doença como linguagem da alma.
           Rudiger Dhalke 

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

20 Maneiras de detectar um psicopata.

Há uma frase que diz: “Não são todos os que estão, nem estão todos os que são”. Quer dizer que, nem todos os que estão em um hospital psiquiátrico são loucos e nem todos os loucos estão em um hospital psiquiátrico. Há psicopatas em todas as partes: dirigindo um transporte público, administrando uma empresa ou governando um país. Onde menos se espera pode haver alguém com uma psicopatia: um transtorno de personalidade antissocial . Claro que isso não significa necessariamente que essas pessoas sejam más, apenas não sentem empatia pelos outros nem remorso pelos seus atos. Eles vivem pelas suas próprias regras e só sentem culpa quando rompem com o seu código de conduta.
Para os psicopatas as pessoas são coisas, objetos que servem para satisfazer seus interesses. Se na sua programação não estiver machucar o outro, não o farão. E poderão viver em comunidade porque entendem os códigos sociais. Eles se adaptam. O terrível acontece quando eles não conseguem evitar de fazer o mal. Mas a maioria não comete crimes, ainda que não tenham vergonha de mentir, manipular ou machucar para conseguir o que têm em mente.
Quando cometem crimes, de um ponto de vista penal, como estão conscientes dos seus atos, são responsáveis. Mas, ao contrário de um réu normal, não existe a possibilidade de correção de sua conduta, assim a reabilitação é baseada em uma forma de vida que possa lhes trazer benefícios e evitar outros danos.
20 MANEIRAS DE DETECTAR UM PSICOPATA
Faceta interpessoal:
1. Eles têm uma boa oratória e charme. São simpáticos e conquistadores num primeiro momento.
2. Têm uma autoestima exagerada. Se acham melhores que os outros.
3. São mentirosos patológicos. Mentem principalmente para conseguir benefícios ou justificar suas condutas.
4. Têm comportamento manipulador. E, se forem inteligentes o bastante, os outros não perceberão esse comportamento psicopata.
Faceta afetiva:
5. Não sentem remorso ou culpa. Nunca ficam em dúvida.
6. Quanto à afetividade, são frios e calculistas. Não aceitam as emoções, mas conseguem simular sentimentos se for necessário.
7. Não sentem empatia. São indiferentes. E até podem manifestar crueldade.
8. Têm uma incapacidade patológica para assumir responsabilidade pelos seus atos. Não aceitam os seus erros. Eles raramente procuram ajuda psicológica, porque acham que o problema é sempre dos outros.
Faceta estilo de vida:
9. Necessitam de estímulo constante. Ficam aborrecidos facilmente.
10. Gostam de um estilo de vida parasitário.
11. Agem descontroladamente.
12. Não têm metas a longo prazo. Vivem como nômades, sem direção.
13. Eles se comportam impulsivamente. Com ações recorrentes que não são premeditadas. Junto com a falta de compreensão das consequências de suas ações.
14. São irresponsáveis.
Faceta antissocial:
15. Tendem a ser deliquentes na juventude.
16. Demonstram problemas de conduta desde a infância.
17. Tiveram a revogação de sua liberdade condicional.
18. Eles têm versatilidade para a ação criminal. Eles preferem golpes e delitos que requerem a manipulação de outros.
Outros não incluídos em nenhuma das facetas:
19. Têm tendência a uma vida sexual promíscua, com vários relacionamentos breves e ao mesmo tempo. Gostam de falar sobre suas conquistas e proezas sexuais.
20. Acumulam muitos casamentos de curta duração. Não se comprometem por muito tempo por ter que manter um vínculo.
Estes items formam o método popular chamado de PCL (Psychopathy Checklist) desenvolvido por Robert Hare, PhD em Psicologia e professor da Universidade de British Columbia no Canadá. Cada atributo recebe uma pontuação de zero a dois, e para o diagnóstico correto se adiciona uma entrevista semiestruturada e a análise do histórico do paciente. Segundo Hare, um por cento da população é psicopata.
Pode acontecer mesmo em uma idade precoce. Segundo o psiquiatra forense John MacDonald há uma tríade que poderia indicar uma futura personalidade psicopática: crueldade com animais, piromania e a incontinência urinária persistente depois dos quatro ou cinco anos de idade.
Na sociedade já ficou instituído, graças a Hollywood, a ideia de que todos os psicopatas são como Hannibal Lecter ou Dexter, encantadores, com certeza. Mas é claro que não é preciso esquartejar alguém para ser louco. Assim, é melhor estar ciente das pessoas ao seu redor. Que não esteja sendo vítima de uma manipulação enlouquecida e ainda não ter se dado conta.

 Por Pablo Huerta.

A Psicopatia transtorno Antissocial da Personalidade.

O que leva um indivíduo a cometer um crime, sem sentir medo ou compaixão?
De acordo com Robert Hare, autoridade mundial em psicologia criminal e professor da Universidade da Colúmbia Britânica (Canadá), a única característica inconfundível de um psicopata é, exatamente, “a falta de emoções, da capacidade de se colocar no lugar de outra pessoa para, pelo menos, imaginar seu sofrimento”. Hare também acrescenta que um psicopata procura entrar na mente das pessoas até tentar imaginar o que elas pensam, mas nunca conseguirá chegar a entender como elas se sentem. Demonstrou-se, inclusive, que um psicopata pode chegar a se relacionar social ou intelectualmente, mas sempre vendo as pessoas como objetos, isto é, retiram do outro seus atributos de pessoa para considerá-lo como coisa.
A psicopatia é uma anomalia psíquica, um transtorno antissocial da personalidade, devido à qual, apesar da integridade das funções psíquicas e mentais, a conduta social do indivíduo que sofre dessa anomalia se encontra patologicamente alterada.
As causas que se encontraram do porquê da conduta psicopática indicam que, por serem indivíduos relativamente insensíveis à dor física, quase nunca adquirem medos condicionados, tais como o medo da desaprovação social ou da humilhação, medo de que restrinjam suas más ações, medos esses que dariam a esses indivíduos um senso do bem e do mal.
As características de conduta do psicopata poderiam ser determinadas tanto por fatores fisiológicos como por fatores sócio-psicológicos. A conduta psicopática poderia ser causada por traumas infantis que geram conflitos, devido aos quais a “Criança” não pode se identificar com o progenitor do mesmo sexo nem se apropriar de suas normas morais. Os psicólogos comportamentais acreditam que a conduta psicopática resulta do aprendizado.
O psiquiatra norte-americano Hervey M. Cleckley,  pioneiro na pesquisa sobre psicopatia, identificou há algum tempo, em 1941, em seu reconhecido livro The Mask of Sanity (A Máscara da Sanidade), quatro subtipos diferentes de psicopatas:
Os PSICOPATAS PRIMÁRIOS não respondem ao castigo, à apreensão, à tensão e nem à desaprovação. Parecem ser capazes de inibir seus impulsos antissociais quase todo o tempo, não devido à consciência, mas sim porque isso atende ao seu propósito naquele momento. As palavras parecem não ter o mesmo significado para eles que têm para nós. Não têm nenhum projeto de vida e parecem ser incapazes de experimentar qualquer tipo de emoção genuína.
Os PSICOPATAS SECUNDÁRIOS são arriscados, mas são indivíduos mais propensos a reagir frente a situações de estresse, são beligerantes e propensos ao sentimento de culpa. Os psicopatas desse tipo se expõem a situações mais estressantes do que uma pessoa comum, mas são tão vulneráveis ao estresse como a pessoa comum. São pessoas ousadas, aventureiras e pouco convencionais, que começaram a estabelecer suas próprias regras do jogo desde cedo. São fortemente conduzidos por um desejo de escapar ou de evitar a dor, mas também são incapazes de resistir à tentação. Tanto os psicopatas primários como os secundários estão subdivididos em:
PSICOPATAS DESCONTROLADOS: são os que parecem se aborrecer ou enlouquecer mais facilmente e com mais frequência do que outros subtipos.   Seu delírio se assemelhará a um ataque de epilepsia. Em geral também são homens com impulsos sexuais incrivelmente fortes, capazes de façanhas assombrosas com sua energia sexual. Também parecem estar caracterizados por desejos muito fortes, como o vício em drogas, a cleptomania, a pedofilia ou qualquer tipo de indulgência ilícita ou ilegal.
PSICOPATAS CARISMÁTICOS: são mentirosos, encantadores e atraentes. Em geral são dotados de um ou outro talento e o utilizam a seu favor para manipular os outros. São geralmente compradores e possuem uma capacidade quase demoníaca de persuadir os outros a abandonarem tudo o que possuem, inclusive suas vidas. Com frequência, esse subtipo chega a acreditar em suas próprias invenções. São irresistíveis.
O psicólogo criminal Robert Hare diz que os psicopatas “não sentem nenhuma angústia pessoal e não tem nenhum problema; o problema quem tem são os outros. Sua capacidade para castigar suas vítimas se baseia em um comportamento anormal do cérebro, que reage de forma completamente diferente do que o de uma pessoa sã”.
Anos atrás o doutor Hare com base na revisão de registros penitenciários e de entrevistas realizadas com criminosos, concluiu que esse tipo de personalidade pode ser avaliado por meio de uma lista de 20 características ou sintomas:
1 Loquacidade / Encanto superficial.
2 Egocentrismo / Sensação grandiosa de autoestima.
3 Necessidade de estimulação / Tendência ao tédio.
4 Mentira patológica.
5 Direção / Manipulação.
6 Falta de remorso e de sentimento de culpa.
7 Afetos pouco profundos.
8 Insensibilidade / Falta de empatia.
9 Estilo de vida parasita.
10 Falta de controle comportamental.
11 Conduta sexual promiscua.
12 Problemas precoces de comportamento.
13 Falta de metas realistas no longo prazo.
14 Impulsividade.
15 Irresponsabilidade.
16 Incapacidade de aceitar a responsabilidade pelas próprias ações.
17 Várias relações maritais breves.
18 Delinquência juvenil.
19 Revogação da liberdade condicional.
20 Versatilidade criminal.
Por sua vez, de acordo com um estudo recente realizado pelo professor da Universidade de Cornell, Jeff Hancock e seus colegas, os psicopatas tendem a escolher palavras bastante concretas quando falam de seus crimes. O relatório foi publicado na revista Legal and Criminological Psychology (Psicologia Legal e Criminal), e revelou que 14 homens usavam mais palavras como “porque” ou “portanto”, o que indica que possuem um objetivo claro quando cometem seus crimes. E usam duas vezes mais termos relacionados a necessidades físicas como alimentos, sexo e dinheiro. Em seu discurso incluem apenas palavras que façam referências à família, à religião e a outras necessidades sociais. Também costumam usar mais o tempo passado e falar de forma menos fluida, empregando mais “ums” e uhs” do que o resto da população.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Augustine

AugustinePor um dessas particularidades do esforço humano de compreensão, Charcot acabou entrando na história das ideias a reboque de Freud. Compreende-se. Sigmund Freud, pai da psicanálise, acabou se tornando muito mais influente do que este médico francês com o qual foi estudar, ainda muito jovem, em Paris.


No entanto, Charcot tem uma posição inabalável na história da psiquiatria, em particular, no estudo dos distúrbios então chamados de histéricos. Ele as atendia no hospital parisiense La Salpêtrière, onde Freud estagiou no final do século 19. Foi lá, em contato com essas doentes, que os primeiros estalos a respeito do inconsciente e da cura psicanalítica vieram à mente de Freud.

Em Augustine, o papel principal é atribuído a uma histérica, vivida por Stéphanie Sokolinski. Vincent Lindon é Charcot e Chiara Mastroianni interpreta sua esposa, Constance. O ano é 1885 e Augustine, jovem provinciana que trabalha numa casa de família, luta para controlar seus ataques, que surgem sem que haja explicação aparente. É levada para tratamento com Charcot, que, dizem, traz métodos revolucionários para o tratamento desses males misteriosos. Entre outras novidades, faz uso da hipnose para aliviar os sintomas das doentes. Sim, “as” doentes, porque todas as acometidas por esses males de origem desconhecida são mulheres. Hysteron quer dizer útero.

O filme dirigido por Alice Wincour é então a história de uma cura? Nem tanto. Poderia ser melhor descrito como a história de uma tentativa de compreensão daquilo que não se conhece. Isso, por parte de Charcot. E, de uma “doença” misteriosa, causada, provavelmente, pela repressão muito forte da sexualidade.

Pois é isso que Charcot logo descobre, meio sem querer – os sintomas exibidos, a teatralização dessas queixas pelas histéricas encobre um significado sexual próximo do explícito. É o que Charcot vê, mas também não consegue enxergar porque é homem limitado por seu tempo e seu horizonte cultural como parte do corpo médico. De certo modo, o que ele não vê é o que será enxergado por seu discípulo mais famoso e que, exatamente por isso, dará um passo mais largo no conhecimento da mente humana.

Alice Wincour dirige esse drama do sofrimento psíquico com sobriedade. Às vezes até com certo peso, mas é essa atmosfera mesmo que associamos à sociedade burguesa e repressiva da Europa do século 19, época justamente em que a histeria faz sua aparição um tanto de través no mundo médico. Se para a medicina tradicional da época elas eram apenas fingidoras, para uma mente mais aguda, como a de Charcot, eram apenas doentes. 
E que, com sua doença, poderiam ensinar algo sobre a natureza humana. Inclusive que o desejo pode se manifestar sob a forma de dor e sofrimento, o que apenas em aparência seria uma contradição.

Fonte. Luiz Zanin