Em algumas culturas, principalmente de povos primitivos, as normas da sociedade facilitam a passagem do adolescente para o mundo adulto, através de rituais de iniciação.
Esses rituais são marcados por conteúdos de natureza mágica, onde predomina elementos sádicos, representando uma barreira colocada para dificultar o acesso ao mundo adulto, e com o propósito de elevação de status na sociedade.
Corneau (1993) acredita que esse rito primitivo (tribal), tem como objetivo de tornar oficial a separação da mãe e transformar o adolescente em um homem. E a nível psicológico, essa iniciação ajuda a reforçar o ego masculino, onde a mutilação exprime a submissão ao princípio masculino.
Nessa submissão do iniciado ao sofrimento infligido pelo pai, é preciso ver o ato de amor masculino que significa a morte do filhinho da mamãe, e a dor da mutilação exprime o corte de um vínculo com sua mãe. Portanto a iniciação faz a passagem do jovem adolescente do estado de pubere para o de adulto, fazendo-o experienciar o fato de ser homem.
Bly nos mostra que os aborígenes Australianos imitam o nascimento. Eles constróem um túnel de ramos e galhos com vinte à trinta metros de comprimento, sendo que os meninos entram, e depois de muita gritaria são recebidos de braços abertos no outro ponto e declarados solenemente homens renascidos, pelo corpo do homem, com um novo espírito e corpo.
Ele nos lembra também os primogênitos da tribo dos Kihuyu, na África, onde o ritual ilustra o papel de machos alimentadores, onde os filhos adolescentes cortam os braços de seus pais com uma faca, e depois bebem o sangue, tornando-se homens. Simbolizando um segundo nascimento pelo sangue do pai, fazendo o luto do mundo infantil e leite materno.
Segundo Osório (1992), os ritos de iniciação contemporâneos lembram certas cerimônias religiosas, o serviço militar e o trote universitário.
Hoje em dia, a ausência do pai refere-se em nível coletivo na ausência de rituais que tenham por objetivo ajudar os homens a passar da adolescência para a idade adulta.
E que os rituais de passagem modernos são inconscientes, e ocorrem logo depois de uma crise, uma depressão e ou um acidente que o faz procurar uma terapia. E sem esses rituais de passagem para a fase adulta, a adolescência vem se tornando um período cada vez mais longo e mais complexo.
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