Uma constelação começa com a escolha dos representantes. Ela deve ser feita num único fluxo, sem predeterminação de pessoas e sem critérios. Quando o cliente valoriza determinadas características das pessoas que quer escolher, ele prende a alma, responsável pela escolha, a fantasias e ligações que distraem. Semelhanças na aparência, altura das pessoas ou outras características não influem na percepção dos representantes. Pois uma pessoa não se torna mãe pelo fato de ser alta ou baixa, e o destino normalmente não depende de características externas. A vantagem de trabalhar com representantes consiste justamente em que eles não se assemelham aos membros da família e aquilo que sentem não depende de qualquer caracterização ou indicação prévia. Desta maneira, podem sentir coisas essenciais que na própria família, devido ao excesso de informações e à grande proximidade, não podem ser percebidas. O essencial é liberado pelo acaso, e este não se prende a nossos laços pessoais.
É conveniente que a pessoa que coloca sua família escolha ela própria os representantes, pois através dessa escolha ela já introduz no processo a busca e a força de sua alma. Isto, porém, não significa que somente ela possa escolher os representantes “certos”. Quando, no decurso de uma constelação, é preciso introduzir outras pessoas, o próprio terapeuta, para agilizar o processo, pode escolher os representantes. Pois pertence às surpreendentes características deste método que pessoas diferentes, colocadas no mesmo lugar dentro de uma constelação, sentem da mesma maneira.
Já no processo da escolha das pessoas é preciso que haja tranqüilidade, concentração e uma certa tensão na pessoa que coloca, no terapeuta e no próprio grupo. O “campo” da constelação já começa a ser estruturado com a escolha e a introdução das pessoas. Os representantes precisam estar disponíveis para se deixarem colocar, desfazendo-se de objetos que possam perturbar, por exemplo, de algum chapéu que chame a atenção. Sua energia deve poder fluir livremente, sem ser prejudicada, por exemplo, por um chiclete na boca. Caso alguma pessoa escolhida não se mostre disponível, hesite ou dê a impressão de estar inibida, o terapeuta deve pedir ao cliente que escolha outra pessoa.
Quantas pessoas devem ser incluídas desde o início numa constelação? Isto depende, naturalmente, das dimensões do sistema a ser colocado e do problema a ser resolvido. Como regra geral, devem ser colocadas apenas as pessoas que sejam absolutamente necessárias. E melhor incluir posteriormente outras pessoas na constelação do que sobrecarregá-la ou bloqueá-la, desde o início, com um excessivo número de pessoas. Quando, por exemplo, houver muitos irmãos e seus destinos não puderem ser tratados individualmente, basta começar com aqueles que, pelas informações prestadas, sejam imprescindíveis, incluindo posteriormente os demais na imagem da solução. Quando os sistemas familiares são muito complexos, o terapeuta começa apenas com os membros que pertencem imediatamente à família do interessado e eventualmente com os “anteriores”. Quando a família de origem tem uma forte influência sobre a família atual, consideramos inicialmente a dinâmica da família atual e depois introduzimos pessoas relevantes da família de origem. Pode-se ainda trabalhar simplesmente com um sistema reduzido, por exemplo, apenas com a mãe e seu filho, ou com a pessoa em questão e sua doença ou sua morte.
Se já no início precisa ser colocado um número maior de representantes, é necessário ficar atento para que cada um deles saiba, desde o princípio, qual é a pessoa que ele está representando e quem estão representando as demais pessoas escolhidas. Caso contrário, começa com freqüência um cochicho entre os representantes, durante o processo da escolha, para saber quem é quem, e com isso se desconcentram. O melhor é que as pessoas sejam escolhidas em alta voz, claramente e numa ordem bem definida. Por vezes, é útil que o terapeuta coloque os escolhidos numa certa ordem provisória que mostre claramente a seqüência dos irmãos.
© Jakob Robert Schneider
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